NOTA PASTORAL
Comissão Episcopal
da Educação Cristã e Doutrina da Fé
SEMANA NACIONAL DA
EDUCAÇÃO CRISTÃ
17 a 24 de outubro
de 2021
A Igreja, no Concílio Vaticano
II, é apresentada como “Povo de Deus” em que todos os membros são enriquecidos
com dons ou carismas do Espírito Santo para participar ativa e responsavelmente
na missão. Esta imagem renovada da Igreja implica necessariamente um estilo
sinodal, como tem recomendado o Papa Francisco, desde o início do seu
ministério petrino: “Importante é não caminhar sozinho, mas ter sempre em conta
os irmãos e, de modo especial, a guia dos bispos” (EG 33). No
cinquentenário da instituição do sínodo dos bispos (17 de outubro de 2015),
insistiu nesta opção: “O mundo, em que vivemos e que somos chamados a amar e
servir mesmo nas suas contradições, exige da Igreja o reforço das sinergias em
todas as áreas da sua missão. O caminho da sinodalidade é precisamente o
caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milénio”. Aquilo que o Senhor nos
pede, de certo modo, está já tudo contido na palavra sínodo: caminhar
juntos.
Aliança educativa para uma
humanidade mais fraterna
A necessidade
de unir e conjugar esforços faz-se sentir de forma especial no campo educativo.
Nesse sentido, o Papa Francisco lançou, em 12 de setembro de 2019, um convite
para um encontro mundial em ordem a «Reconstruir o pacto educativo global»,
afirmando: “Nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa
ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de
superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem
a uma humanidade mais fraterna”. Citou a propósito um provérbio africano: “para
educar uma criança é necessária uma aldeia inteira”. Mas essa aldeia,
acrescentou o Papa Francisco, temos de a construir como condição para a
educação.
O encontro veio
a realizar-se apenas a 15 de outubro de 2020 devido às dificuldades da
pandemia. Mas este flagelo, notou o Papa na sua mensagem para este dia, tornou
ainda mais urgente o referido pacto educativo global “que empenhe as famílias,
as comunidades, as escolas e universidades, as instituições, as religiões, os
governantes, a humanidade inteira na formação de pessoas maduras. Apelamos, em
todas as partes do mundo, de maneira particular aos homens e mulheres da
cultura, da ciência e do desporto, aos artistas, aos operadores dos meios de
comunicação social, para que adiram – também eles – a este pacto e, com o seu
testemunho e trabalho, façam-se promotores dos valores de desvelo, paz,
justiça, bondade, beleza, acolhimento do outro e fraternidade”.
Este desafio da aliança educativa
e da pedagogia sinodal interessa grandemente aos educadores cristãos. Em vez de
cuidar apenas do seu grupo, precisam de ser promotores da “aldeia global”
integrando e conjugando a sua atividade com todas as forças envolvidas no
processo educativo: família, escola, associações desportivas e culturais,
catequese e atividades da paróquia, Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC),
escola católica e outras. Cada uma destas instituições precisa de conhecer,
apoiar e unir os seus esforços a todas as outras. De facto, assistimos ao
emergir de uma época diferente que não se coaduna com as perspetivas fechadas e
exclusivistas de algumas forças políticas ou sociais. A pandemia fez vir ao de
cima a interdependência e a urgência de colaboração de todas as componentes
sociais. Precisamos de caminhar para um novo modelo cultural que realce a
solidariedade, o valor da transcendência, a liberdade e dignidade de todas as
pessoas e a fraternidade social; um modelo que eduque para a capacidade de
viver em relação com os outros e de cuidar da casa comum. São recomendações
insistentes do Papa Francisco que um educador cristão não pode deixar de
valorizar em ordem a encontrar caminhos novos para uma educação integral.
Âmbitos da educação cristã que
é necessário cuidar
1. A equipa
de catequistas é chamada a tornar-se um fermento de vida comunitária e de
sinodalidade. Nesse sentido, os catequistas, em comunhão com o pároco,
organizem-se em equipa, com encontros periódicos, diálogo constante entre eles
e forte interação com a vida pastoral da comunidade cristã (profética,
litúrgica e social), pois é a comunidade a matriz da vida cristã.
Outra
preocupação da pedagogia sinodal da catequese é promover um trabalho coordenado
de pais e catequistas, através do diálogo, escuta da opinião de cada um,
envolvimento e valorização do contributo de ambos, reconhecendo e criando
condições para o protagonismo educativo da família. Nesse sentido, procure cada
comunidade cristã oferecer às famílias percursos de fé que as ajudem a ter
consciência da sua missão evangelizadora e as capacite para tal.
A disciplina de
EMRC surge, neste processo, com um contributo muito relevante, na medida em
que, através do docente de EMRC, ajuda a construir laços entre os diferentes
implicados. Enquanto estilo educativo, a sinodalidade chama-o a realizar esta
missão em estreita ligação, também, com os demais professores de EMRC, com o
Secretariado Diocesano, com a comunidade eclesial à qual pertence e,
igualmente, com aquela a que pertence a sua escola. Enviado pela Igreja, é
chamado a participar e mesmo protagonizar iniciativas que impliquem a
participação de todos, constituindo-se, com o seu testemunho e agir cristãos,
também ele, apoio e parceiro para os demais.
Porque o tempo
que vivemos é sobretudo um tempo de esperança, de abertura ao futuro, na
redescoberta da originalidade da missão e de novos caminhos para a realizar,
não tenhamos medo de mergulhar no interior dos diferentes contextos em que vive
a humanidade, de pensar e percorrer o caminho juntos!
Lisboa, 21 de setembro de 2021