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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Este nome Professor...

Entre os adultos, os pais diziam que faziam tudo o que podiam para manter a harmonia e a boa convivência na cidade, embora todos soubessem que alguns pais diziam aos filhos coisas como estas: “Se te batem, bate-lhes tu também”... “Não te juntes com fulano e beltrano”...
Outros pais tinham mensagens claras de relações solidárias, próximas e afetuosas, com todos e, entre outras coisas, diziam aos filhos: “Filho, respeita e ama o teu professor. Ama-o porque o teu pai também o ama e respeita; porque ele dedica a sua vida ao bem de tantas crianças, que o vão esquecer; ama-o porque te abre e te ilumina a inteligência e te educa o coração; porque um dia, quando fores homem, e nem ele nem eu estivermos já neste mundo, a sua imagem aparecerá com frequência na tua mente ao lado da minha, e então, há de recordar certas expressões de dor e cansaço do seu rosto de homem de bem, a que agora não dás atenção e que certamente te causarão pena, mesmo passados trinta anos; e envergonhar-te-ás, sentirás tristeza de o não ter estimado muito, de te teres comportado mal com ele.
Ama o teu professor, porque pertence a essa grande família de professores do ensino básico, espalhados por todo o país, que são como que os pais intelectuais de milhões de crianças que crescem contigo; são os trabalhadores mal compreendidos e mal recompensados que preparam para o nosso país uma sociedade melhor do que a atual.
Não ficarei contente com o carinho que sentes por mim, se não sentes também carinho por todos os que te fazem bem. E, entre todos, o teu professor é o primeiro, depois dos teus pais. Ama-o como amarias um irmão meu; ama-o quando é justo e quando te parece que é injusto; ama-o quando está alegre e simpático; e ama-o ainda mais quando o vires triste. Ama-o sempre. E pronuncia sempre com respeito este nome «professor», que, depois do pai, é o mais nobre, o mais doce nome que um homem pode dar a outro homem.”
O teu pai...”

(Edmundo de Amicis: Corazón. Alianza Editorial, Madrid, 1984, pp. 73-74)