Igreja/Ensino: Os adolescentes «criam o mundo» e «tornam-se uma cultura» – Alfredo Teixeira
Ecclesia Jan 30, 2018
O professor universitário e antropólogo Alfredo Teixeira disse que há necessidade de “se olhar com atenção para a adolescência” que hoje é criadora do mundo, “são agentes, de tal modo que se tornam uma cultura”.
“As ciências humanas, nos últimos anos, mudaram o olhar sobre a adolescência, ou sobre as adolescências. Os adolescentes criam o mundo, são agentes, de tal modo que se tornam uma cultura”, disse em declarações ao sítio Educris, do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC).
À margem do segundo encontro inter-diocesano para docentes de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), o sociólogo explicou que a adolescência não pode ser observada do ponto “meramente clínico” onde foi considerada como “uma etapa confusa e desorganizada” e a precisar de intervenção.
Alfredo Teixeira frisou que as “novas adolescências” devem ser olhadas como cultura e a educação deve considera-las “na sua ação pedagógica”.
“A escola tende hoje a nivelar estas experiências, em particular no secundário, porque pensado na lógica pré-universitária com metas que esvaziam a experiência dos próprios adolescentes”, explicou o professor na Universidade Católica Portuguesa.
Neste contexto, realçou que a frequência da disciplina de EMRC no ensino secundário é uma mais-valia porque é um “lugar onde podem dizer algo sobre si”.
“No secundário a disciplina tem um valor intersticial na própria escola porque se constitui, talvez como a única disciplina onde os adolescentes poderiam tornar a sua própria vida presente na escola”, desenvolveu.
Para Alfredo Teixeira a diminuição de inscrições em EMRC, em determinadas regiões, “é um problema para a sociedade” e não para a Igreja.
“Hoje eles são esmagados com estratégias de que são objeto e a possibilidade da escola ser deles também e das suas próprias experiências serem consideradas está muito limitada”, referiu ao Educris.
O encontro de formação intitulado ‘ação pedagógica no 1º ciclo e no ensino Secundário na disciplina de EMRC’ reuniu cerca de cento e cinquenta docentes de Aveiro, Lamego, Guarda e de Viseu.
O bispo viseense, que acolheu o encontro, salientou a importância do “testemunho” dos professores de EMRC que são portadores de “uma pessoa concreta” que traz a mensagem “da paz e da bonança”.
“Até que ponto é que os jovens que caminham comigo no ensino da EMRC veem que em mim está Jesus. Na palavra que digo, nos exemplos que dou, nos apelos que faço, e no modo como procedo e comunico. Como testemunho em mim Jesus”, refletiu D. Ilídio Leandro.
Os encontros são organizados pelo SNEC e os Secretariados Diocesanos da Disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica e o presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF), destacou a importância do “trabalho em conjunto e a análise de boas práticas e preocupações comuns”.
“Ajuda os professores a verem mais longe o seu lugar na escola e permite uma entreajuda muito importante na análise de situações semelhantes e que requerem um aprofundamento e uma partilha entre pares”, disse D. António Moiteiro, bispo de Aveiro, ao portal Educris.
O bispo da Guarda, que pertence CEECDF, disse aos professores que a sua presença nas escolas “é uma missão”.
“Fidelidade à pessoa, alegria na missão. Nem sempre é fácil conjugar a felicidade com a alegria. Muitos dos que estão à nossa frente entendem que ao darmos orientações travamos a alegria”, sublinhou D. Manuel Felício, no início da formação (inter)diocesana.
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