Em
tempo de descanso, a que vulgarmente chamamos férias da Páscoa, vamos iniciar
mais uma Semana Santa, tempo de meditar no mistério da morte e da ressurreição
de Cristo.
A
comemoração da Última Ceia e da Instituição da Eucaristia, em Quinta-Feira
Santa, a comemoração da morte de Cristo, na Sexta-Feira, e o dia de silêncio,
no Sábado, são momentos fortes de contemplação do mistério da morte redentora
de Cristo, que queremos tenham implicações na vida de cada um de nós e, consequentemente, nos ambientes que nos rodeiam: casa, escola, trabalho...
Trabalho tridimensional, EMRC 1.º Ciclo,
do Centro Escolar de Seia
"Do Sepulcro à Ressurreição" |
Perante
uma sociedade que cada vez mais se posiciona incrédula, em que se perdeu a noção concreta da presença de Deus e da sua ação no
mundo, em que é notória a
rutura entre o Evangelho e a cultura, esta Semana Santa tem de ser uma
oportunidade para mostrar o rosto de quem quer que todo o homem viva plenamente
e irradie alegria – daí a necessidade de olharmos para a Paixão com olhos novos,
vivendo-a na divindade e humanidade. Pensemos que a atitude de Jesus perante a
sua morte não é a de uma vítima fracassada, resignada frente à fatalidade, mas
a de alguém que aceita com plena liberdade um destino plenamente assumido por
amor.
A hora
da paixão é, em simultâneo, crucifixão e glorificação. É a hora em que Jesus
abandona voluntariamente este mundo para voltar para o Pai. É a hora em que se
revela a fecundidade da sua entrega; a hora do triunfo definitivo sobre a
morte.
Jesus
cumpriu a missão de estar com os seus, aceitando as últimas consequências
do entregar-Se aos homens com confiança e com o desejo de os ajudar. E
nós? Como encaramos o sofrimento e as adversidades?
Num
mundo que sofre, e em que o homem avança a passos largos na técnica, sem
encontrar solução para todos os seus problemas, e muito menos para a questão da
morte, podemos concluir que a única coisa capaz de dar sentido aos nossos
sofrimentos é chegarmos também nós a
aceitá-los com Ele, pois os nossos sofrimentos só começam a ter sentido
quando os olhamos de frente, como Ele fez, e os aceitamos com Ele.
Atrevo-me a dizer que o pensamento que muitas vezes temos sobre Cristo,
talvez não corresponda realmente à sua identidade. Face
a todos os condicionalismos da vida humana, estamos dispostos a pensar e a agir
de outro modo, a arriscar, a desinstalarmo-nos e a aceitar a conversão iniciada
e proposta por Cristo? Ou preferimos julgá-Lo, condená-Lo e pregá-Lo numa cruz,
para que Ele não nos incomode?
Crer não é apenas aceitar um conjunto de verdades, mas sim aderir à pessoa de
Cristo, escutar a sua proposta, acolhê-la no coração e fazer dela o guia da
nossa vida, confiados de que não estamos sós.
A Páscoa não é apenas a comemoração de um facto passado. Para que todos proclamem e vivam a boa nova que Jesus Cristo é
o Senhor, procuremos deixar-nos envolver e transformar pela grande novidade da
Ressurreição. Ele, por amor veio ao mundo, por amor se entregou à morte, e
morte de cruz, e por amor venceu a morte. Desta forma, ensinou que o orgulho, o egoísmo, a
autossuficiência, só podem conduzir à morte. Só o amor gera vida nova e introduz
na nossa carne os dinamismos da ressurreição.
Há que
recuperar a esperança, haurir uma vida nova. Que cada um de nós aspire a uma
maior identificação com as Suas atitudes, para que a nossa vida seja por Deus e
para os outros – eis o caminho para que a Páscoa aconteça, diariamente,
dentro de cada um de nós.
VOTOS DE UMA SANTA
PÁSCOA com Cristo glorioso.
Isabel
Almeida
Prof. de
EMRC