“No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu a pedra retirada do sepulcro. Correndo, foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, o predileto de Jesus, e disse-lhes: «Levaram o Senhor do túmulo e não sabemos onde O puseram».
Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao túmulo. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. Inclinou-se para observar e reparou que as ligaduras estavam no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no túmulo e ficou admirado ao ver as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo, o que tinha chegado primeiro ao túmulo. Viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20, 1-9).
“Será que realmente temos provas de que Jesus ressuscitou? Ou isto tudo é uma invenção da Igreja para enganar e fidelizar os seus fiéis?”, questionou D. Jorge Ortiga na sé bracarense, durante a homilia da missa da manhã de Domingo de Páscoa.
O prelado começou por lembrar a existência de “uma lei romana que impedia a violação e profanação dos sepulcros, sob pena de condenação à morte dos infratores”, motivo que afasta “a hipótese de o corpo ter sido roubado pelos apóstolos, como andavam a afirmar os judeus”.
“Um segundo argumento diz respeito às Escrituras, isto é: a ressurreição não é uma invenção criada pelos apóstolos, mas um facto que está de acordo com as Escrituras, como sendo o cumprimento das profecias do Antigo Testamento e das próprias Palavras de Jesus”, acrescentou.
Os relatos de historiadores distanciados do Judaísmo, as referências na Bíblia às “várias aparições de Jesus” após a sua morte e a “ação dos apóstolos”, que “nunca teriam arriscado a vida ao saírem a anunciar pelo mundo a ressurreição de Jesus, caso não tivessem essa certeza”, foram razões também adiantadas pelo arcebispo.
“Por tudo isto, exclui-se a possibilidade de a ressurreição ser um mito bíblico ou uma invenção da Igreja, porque ela foi na verdade um facto real, fruto de uma leitura crente destes argumentos históricos”, vincou.
Para o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana “a fé não é uma teoria que se pode fazer própria ou colocar-se de lado, mas uma coisa muito concreta” que decide o “estilo de vida”.
“A diferença cristã, como consequência ética da ressurreição de Cristo”, evidencia-se na “capacidade de perdoar” e no “gesto que desencadeia a alegria”, bem como “naqueles passos que se desviam do caminho do egoísmo”, na “oração que recorda os que sofrem” e na “qualidade que potencia o amor”.
In Agência Ecclesia